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CARLOS WAGNER: O SI MESMO E O OUTRO

               
 BENEDITO MEDEIROS NETOS e ANTONIO MIRANDA

                                          "eu penso" "eu sou" / "se designer soimême"
                                                                                                            Paul RICOUER

 

                 Cláudia Campos, responsável pela organização dos textos de livro de Carlos Wagner, distribuiu os poemas em "partes", conforme os temas e estilos. Baseou-se no princípio de Ricouer*1 da ipseidade, vale dizer, "daquilo que é determinante para diferenciar um ser de outro(s); o atributo próprio, característico e único de um ser, que o difere dos demais". (RICOUER, p. XII). Nada mais adequado!

Penso, penso tanto, tanto, tanto… tonto… embriagado nesse movimento, /novamente repetitivo, vivo, volitivo, voo ativo…  (...)

fingindo ser eu mesmo. Que inocência!   (...)

Afastem-se todos de mim, sou perigoso e irracional!
[Versos da Parte 1 – No caminho do Tao caminho]

         Carlos Wagner, como se observa, aproxima palavras paranoma-siamente, quase idênticas, às vezes de diferentes significados...
E intencionalmente na direção do taoismo.* 2  

"Querendo pensar, roubar meditações e insuflar ideias, seres fosfórico-dependentes, viciados e circulantes, ladrões sub-reptícios, répteis vorazes…" / "Meu olho olha tais seres, travestidos de ideias e pensamentos, de razão para tudo, para todos os tipos de explicações, fixos, hipnotizados. / Afastem-se todos de mim, sou perigoso e irracional!"  // "Surge assim "a voz do que clama no deserto", exigindo de mim: "Endireita os caminhos", prepara-te para as grandes coisas do Espírito!"    [No poema Pensador prisioneiro, p. 5]

            Lembrando Gilberto Gil — que acaba de ser, com justiça, nomeado para a Academia Brasileira de LetraS, como imortal! — "Diz o I Ching/ Divino é saber / O que distingue / Você de você // Você dos outros / Do outro você/
Você do mundo/ Do você do ser
".
*3

Indo ainda mais longe, transcendo a si mesmo:

          "Quebrar essa esquina, ex-quina, ponte de uma linha de vida
aresta de uma conduta, ação sem linearidade"
[in:
Longo e sinuoso caminho, p. 7

         Ou seja: "Digite a incerteza, analise a dúvida" p. 9".

        Arrematando, chegando ao Nirvana: "Não ser é a grande expectativa da minha razão agora. O Nirvana é o melhor "aqui e agora" que posso imaginar."  (p. 17).

        Ideais, ideias, dispersas,  mas não soltas. Fazendo leitura nos poemas de forma empírica, os poemas bem textuais que vai ao público, nota-se um longo período de gestação, e assim reflete o caminho do autor, que inicia como curioso e neófito, nos seus primeiros passos, e que aos poucos aproxima dos bons poetas, e se firma de fato. A medida que passeamos ou adentramos seus versos, percebe-se um raio de amadurecimento no seu trato com questões tais como transcendência, busca do ser, e o jeito cultural de ser mineiro, saúdes de tempos idos, e de outras temáticas, bem explicita na classificação que adota apresentar seus poemas.

         Ao folhear suas páginas nota-se a influência muito discreta de escritores e poetas como Cecília Meirelles, Manoel de Barros, Clarice Lispector, Carlos Drummond, Gilberto Gil. O autor bebe nestas boas águas, para depois fechar com os gnósticos, aqui representados por Catharose de Petri. De certa forma estes últimos deram mais densidade no seu diálogo com as questões espirituais e materiais. Uma outra característica marca o seu diálogo com o leitor, a interrogação com instrumento perscrutar o mundo exterior; ele não abandona este modo escrever, em quase todas as suas temáticas, para voltar-se com mais força na sua busca interior.

         As suas temáticas para a escrita são variáveis, mas pode-se ver a repetição do uso de uma palavra nos seus versos, por exemplo a palavra montanha, que está presente 4 vezes no livro. Ora o desejo de voar, mergulhar ou descer e subir "sete montanhas". Voltando aos seus versos, antes de escalar a montanha azul um de seus poemas mais representativos:  — a infância é "Um sonho de uma infância passarinha". Mostrando a linha temporal de sua escrita, ou mesmo narrativa, pois ele diz "agora eu estou aqui,". Mas afinal ele é um mineiro cercado de montanhas...

         O ser humano ocupa a parte central da sua preocupação, nas mais diversas formas em que os sentidos e a sua mente captam a leveza ou irracionalidade deste ser dual, que lhe impressiona tanto. Nas suas escolhas por temáticas, o poeta procura penetrar nos segredos da interminável manifestação humana, e seu significado da vida. Ele como sujeito da frase, volta para a infância como ponto de partida, depois traz sua certeza e insegurança, para o leitor, para tirá-lo do repouso, mas não cobra, mais do que isto, de quem optou por seguir os seus próprios versos.

         O ser humano aqui tem nome e endereço, cabe ao leitor apenas captar o uso da palavra alma, que aparece na pág. 4, já no início, e habita o universo de atenção do autor até a página 112, quase no final, com uma frequência de mais 35 vezes. Não só a presença do conceito de alma é presente no livro, como sua expectativa e destino. Como realce vejamos. "A alma fica em estado de suspensão, aguardando uma transmutação" (pag. 62). Existe a preocupação em separar bem dois seres, um que acaricia a plenitude do devir, nesse expresso do silêncio da alma que, devota, sabe se abrir (Pág. 113), do outro perdido ou errante na dialética.

 A partir desta percepção já daria para seguir um dos caminhos do autor e sua obra, pontuando sempre a palavra alma, talvez explicada pela influência espiritualista. Como poeta ele lida com a dualidade, os opostas entre o céu e a terra, se fossemos usar um entendimento singelo. No fundo, ele usa a metáfora do homem caído, pelas agruras da vida, quando fala de "ser uma alma atribulada,". E volta para o outro para "Brincar, alegrar a alma, dar esperança ao espírito" (pág. 88). Mas é a sua resignação e complacência exposta nas palavras e frases para ele se "Entregar a vida a quem ela pertence".

 E finalmente

         "rasgando com dor a alma pequena de mim mesmo". (Pág. 112.)

*1  RICOEUR, Paul.  O si-mesmo como outro. Tradução de Ivone C. Benedetti.  São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2014.  ISBN 978-85-7827-897-7
*2 - na cultura chinesa, doutrina mística e filosófica formulada no século VI a.C. por Lao Tse e desenvolvida a partir de então por inúmeros epígonos, que enfatiza a integração do ser humano à realidade cósmica primordial, o tau, por meio de uma existência natural, espontânea e serena. [Seu caráter contemplativo, na vida religiosa chinesa, é o principal rival do racionalismo pragmático que caracteriza o confucianismo. [https://www.google.com/]. 

*3 – IN: http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/bahia/gilberto_gil.html

 

 


 

 

 
 
 
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